Um tiro no escuro.

Por Carlos Rubinstein

Na mitologia grega Pluto (Ploutos) era o deus da riqueza e da generosidade. Ele distribuía suas riquezas para aqueles que considerava justos e dignos (falo em passado pois não sei se ele ainda continua nesta atividade).  Zeus, que era o pai de todos os deuses do olimpo, exercia diariamente seu poder e autoridade esforçando-se em manter a ordem e a justiça. Como era bastante temperamental (representado por raios e relâmpagos), Zeus decidiu deixar cego a Pluto, pois considerou que sua abordagem precisava ser “redirecionada”. (Eu sei o que você está pensando neste momento, mas esquece, não dá para aplicar esse método nos tempos atuais). Desta forma, Zeus garantiu que Pluto distribuísse a riqueza aos mortais com base no acaso e na sorte e não continuar no mérito caprichoso.

Alguns séculos depois, especificamente em 2017, a CVM iniciou uma revolução silenciosa no Brasil dando um marco regulatório com a Instrução 588 para as plataformas de investimento participativo (Equity Crowdfunding) e de empréstimos participativos (Peer to Peer Lending).

Há quem veja isso como o suporte estrutural necessário para empréstimos entre pares e financiamento coletivo. Alguns vêem isso como um repudio à classe endinheirada (talvez mais inclinada ao método de Pluto). Alguns vêem isso como uma esperança de inovação e uma revitalização do sistema bancário, centralizado em grandes e poderosos grupos, e outros veem um novo paradigma financeiro que levará à democratização dos mercados de financiamento (no só Brasil mais também no mundo), à medida que as decisões de financiamento são transferidas para o público e as taxas monopólicas são eliminadas e adequadas na nova realidade do mercado.

Quando uma pessoa decide investir em uma startup, seu aporte será diretamente incorporado ao capital produtivo da empresa. Esse dinheiro (e a suma do dinheiro de todos os investidores que participam em uma rodada específica) por exemplo, será investido em pesquisa e desenvolvimento, contratação de novos recursos humanos, expansão comercial, marketing e conquista de novos mercados. Em resumo, é um investimento altamente produtivo, que gera inovação tecnológica, trabalho especializado, diferencial competitivo para o país, e inclusive aumenta a arrecadação do município, do estado e do governo federal.

Isto representa uma diferença fundamental com o investimento na bolsa de valores. Quando uma pessoa compra ações de uma empresa na bolsa, o dinheiro investido não vai para a empresa em questão, vai sim para o investidor que vendeu as ações. O dinheiro investido não é injetado diretamente no sistema produtivo da empresa nem do país. Salvo que, o investidor invista na oferta primaria de ações da empresa (IPO em inglês).

Claro, pode se argumentar que a poupança e a geração de capital acumulada pelos investidores através da bolsa, em algum momento se transfere, de uma ou outra forma, no circuito produtivo e de consumo. Mas isto é outra estória... 

No mundo o mercado de Equity Crowdfunding tinha projetado em 2020 movimentar U$S5 bilhões (antes da pandemia). No Brasil os investimentos através de plataformas de investimento participativo (Equity Crowdfunding) saíram de R$8,3 milhões em 2017 para R$59 milhões em 2019. No ano passado mais de 8.300 investidores participaram aportando em startups, isto, mostra o enorme potencial de crescimento que a indústria possui.

A Wiztartup está inserida neste contexto. Com Leonardo (meu sócio e amigo) procuramos constantemente negócios inovadores, escaláveis, com alto potencial de crescimento, que resolvam um problema concreto e real. Nosso processo seletivo é bastante criterioso e rigoroso, abrindo rodadas em nossa plataforma de empresas que além de cumprir os requisitos, nos mesmos como pessoa física, iremos investir nosso próprio capital.

Aventurar-se a investir em startups de forma individual é algo que nenhuma rede de anjos, literatura relacionada com investimento anjo, e inclusive nós mesmos não recomendamos. Fazer isto é algo bastante próximo a dar um tiro no escuro (com seu risco e consequências).

O investimento em grupo, praticado através da Wiztartup é muito mais vantajoso, pois: 

  1. Contribui para mitigar os riscos (problemas que você não identifica, alguém no grupo pode identificar já que pode possuir mais experiência neste tipo de investimento ou conhecimento da indústria em questão). A plataforma possui um fórum online (item obrigatório da Instrução 588 da CVM) no qual os investidores podem compartilhar suas opiniões e questionamentos, entre eles e com os fundadores da startup;
  2. A startup se beneficia do efeito de rede gerado pelo pool de investidores que entraram na rodada. Quanto maior o número de investidores maior o efeito de rede e o conhecimento que o pool também pode adicionar aos fundadores da empresa, não só abrindo portas e fazendo pontes comerciais, mas também aportando sua experiência de vida, conhecimento da indústria e formação professional;
  3. A estrutura legal para veicular o investimento já esta pronta, foi criada por advogados especialistas e investidores com experientes, proporcionando um instrumento com maior segurança ao investidor.
  4. O valor do aporte mínimo é, em média, um decimo do aporte que um investidor efetua através de uma rede de anjos. Permitindo que o investidor tenha maior facilidade de criar seu portfolio de startups investidas (algo que é fundamental neste tipo de investimento) sem a necessidade de ser literalmente milionário. (Pretendemos efetivamente democratizar este tipo de investimento).
  5. O aporte, assinatura do contrato, organização do fluxo do dinheiro e, até o reporte pós investimento da startup para o grupo de investidores que entrou na rodada esta tudo organizado e estruturado.

 Nem com Zeus, nem com Pluto, nem tiro no escuro. Queremos efetivamente democratizar este tipo de investimento permitindo que um número maior e crescente de pessoas se envolva e participe do ecossistema inovador Brasileiro.

Algo que um par de anos atrás era apenas possível para um grupo pequeno de pessoas, é hoje através de plataformas como a de Wiztartup, para um número maior de pessoas, possibilitando que o vazio anteriormente existente comece sendo preenchido.

Por que não formar parte desta revolução silenciosa? Claro, evitando dar um tiro no escuro...

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