Sempre há um novo arco-íris
Por Carlos Rubinstein
Num mundo inundado por informações irrelevantes, a claridade na escolha das fontes é fundamental, não só para avançar de um ponto A ate um ponto B, mas é também uma questão de sobrevivência (seja na vida, seja nos negócios). Se o conhecimento é poder, o falso conhecimento é altamente tóxico e destrutivo.
Enquanto vou fazendo uma rápida rolagem no feed em minhas redes sociais, reparo por enésima vez que existe um tema recorrentemente monótono chamado de quarentena. Constato, paralelamente, um exército de gurus e videntes que não medem esforços em me recomendar uma centena de cuidados, precauções, atividades, soluções e advertências sobre o que fazer e o que não fazer, não só em relação ao COVID-19, mas também em relação aos assuntos mais diversamente aleatórios, porem ligados por elevação com a pandemia, o COVID-19, a quarentena, ou as três coisas.
Como manter uma visão de longo prazo, ante um cenário de paralisação e incertezas descomunais que colocarão a população mundial literalmente dentro de casa? Eis aqui um desafio considerável para todo investidor iniciante.
Se tem algo relativo, que talvez até o próprio Einstein tenha abordado em suas reflexões, é qual é a extensão da visão de longo prazo? Isto é, que tão longe no futuro a visão será projetada.
A distância no tempo varia, de pessoa para pessoa, de pais para pais, de perfil de investidor para perfil de investidor. Longo praza para alguns será algo entre 1 e 2 anos, para outro será 5 anos, para outros será mais de 10 anos...
Como semear hoje para o longo prazo, se no curto e médio prazo nos perturba a ideia de nós, ou de um ser querido, ser mais uma vítima do COVID19?
Todos projetamos nossa morte como um evento muito distante no futuro, mas quando um fato extraordinário, como é a pandemia atual, bate em nossa porta, os objetivos de curto, médio e longo prazo se misturam em uma grande feijoada.
No início da pandemia pudemos observar o comportamento desenfreado dos consumidores, acumulando todo tipo de produtos nos supermercados ante a incerteza de ficarem desabastecidos em casa (me incluo nesta lista, só não exagerei no papel higiênico).
Mas qual foi a leitura que tiveram os investidores e como se comportaram de fato? Venderam de forma generalizada seus ativos de risco e se refugiaram em ouro e títulos públicos (de primeira categoria). As bolsas, as comodities, e a maioria das moedas no mundo despencaram fugazmente. Sectores inteiros estão hoje na berlinda, como por exemplo o turismo (transporte aero e hotéis), inclusive indústrias solidas e consolidadas como a do petróleo.
Foi o comportamento dos investidores irracional? Ou em realidade era algo totalmente previsível após do mundo entrar em quarentena? Alguém tinha dúvida que os mercados iriam derreter como picolé na praia. Se não tinha então o comportamento não foi irracional, mas sim racional.
Talvez você, como eu, seja consumidor ao mesmo tempo que investidor. Por que em um caso nos comportamos de forma irracional e em outro de forma analítica e racional?
A resposta você deve dar para você mesmo.
Como investidor, considero importante tentar ficar longe do barulho (ruído) diário destes tempos tão extraordinariamente sem precedentes. Eis aqui um baita de um exercício que pode contribuir, nem que for homeopaticamente, em trazer claridade.
Se você, como eu, acredita que sempre há um novo arco íris, a busca por claridade na escolha dos investimentos nunca foi tão fundamental. Se pandémias como esta acontecem a cada 100 anos ou mais, as oportunidades apresentadas talvez sigam a mesma logica.