Outra crise mundial! Porque seguir investindo em startups?
Por Leonardo Silva
Essa crise não é como as outras! Não, não é mesmo. Mas alguma crise é igual a outra? Penso que todas elas trazem aspectos e desafios inéditos. E oportunidades inéditas.
Esta Pandemia mundial, da fato, tem efeitos mais ligados diretamente a vida e a saúde das pessoas e se trata de uma crise humanitária mundial. É muito diferente da crise do subprime americano em 2008 pois não tem sua origem nos mercados financeiros e não esta restrita ao conhecimento de pessoas ligadas ao mercado financeiro com conceitos de avaliação de risco pobre, alavancagem financeira ou a ganancia de altos executivos de instituições financeiras e de pessoas comuns que acreditavam em ganhos financeiros rápidos usando a inflação de preços de residências sem lastro. Outras crises de saúde já afetaram a humanidade como a Sars e a gripe espanhola no início do século passado. Entretanto, não existiam mídias sociais, internet e o poder de disseminação de todo o tipo de notícia na velocidade em que se alastra hoje. Mas o que todas as crises tem em comum?
Causam instabilidade, volatilidade, distorção de valores e aprendizado. E depois, sem exceção, elas passam! E como estaremos no momento em que ela passar? Preparados? Bem posicionados?
Por isso, eu penso que o investidor anjo não pode parar de investir. É o momento de ser mais seletivo, de proteger caixa e de apoiar os empreendedores capazes e com bons projetos. Investidores anjo, tanto os mais experientes quanto os mais novos, sabem que somente uma parte pequena do seu capital para investir deve ser colocado em startups verificadas, com modelo de negócio inovador e com potencial de alto crescimento. Certo?
Se o investidor vinha montando seu portfolio é um sinal de que possui fluxo de capital e reservas para diversificar neste tipo de investimento. E não digo ter centenas de milhares ou milhões de reais para investir pois o bolso e o momento de vida de cada um é diferente. Ou seja, isso importa menos quando se tem uma visão de portfolio proporcional com seus rendimentos e em linha com sua tese. Todos certamente irão apertar os cintos e ser ainda mais seletivos mas os que continuarem ativos e olhando para bons empreendedores com projetos aderentes as necessidades mais emergentes irão se posicionar com destaque para o futuro. Ou seja, além de continuar trabalhando sua diversificação de investimentos poderá também continuar contribuindo com o empreendedorismo local e com bons projetos liderados por empreendedores com visão de futuro, resiliência e estejam resolvendo problemas reais de nossa sociedade.
Alguns fatos positivos na minha visão:
- Este tipo de investimento é do longo prazo. As crises vem e vão. E é sempre nos momentos de crise que surgem oportunidades. Investimento em startup pode oferecer ganhos excepcionais no longo prazo desde que você tenha um portfolio. Se prepare para os próximos 5 anos,
- As startups e os empreendedores já operam um negócio de extrema incerteza. Esse é o conceito clássico de uma startup: empreendedor com um negócio provando um novo modelo de negócio ou produto disruptivo em um ambiente de extrema incerteza usando a tecnologia para eliminar custos, cortar intermediários ou resolver um problema real com um modelo de P&L escalável. Diferente das grandes empresas, esses caras já estão acostumados a operar com um mínimo de recursos,
- Startups pivotam rápido. É isso mesmo! Sua estrutura com poucos níveis hierárquicos e alta tecnologia permitem adaptações, novos testes e ida a mercado muito rápidas. Isso torna o tempo de “go to market” muito mais afetivo e com produto aderente,
- O empreendedor tem um visão muito forte e muitas vezes um sonho. Ou seja, seu nível de resiliência esta acima da média só pelo fato de ter chegado até aqui e provado sua tese e ganho tração com clientes importantes. Já lutou muito contra muitos obstáculos. O investidor anjo aposta no jóquei e não no cavalo - essa é uma máxima bastante comum neste meio. Os empreendedores irão mais uma vez mostrar que o empreendedorismo é o que, além de educação, constrói grandes nações,
- Na grande maioria das crises, sempre há setores que se beneficiam. É justamente por apresentar produtos e serviços que caem como uma luva para o momento, tais como: empresas com foco em facilitar o consumo através de entregas, o varejo online em geral (compra online em supermercados e sites), empresas de EAD e com ferramentas para facilitar o trabalho Home Office de um grande número de pessoas, ou startups da área da saúde que também vão ficar nos holofotes. Focar em encontrar oportunidades nestas indústrias poderá gerar um diferencial significativo no retorno do seu portfólio,
- Os modelos de trabalho já são remotos, ágeis, flexíveis e baseados em tecnologia. Os desafios de isolamento social são menores para este pessoal empreendedor nas startups,
- E muitos já estão adaptando suas soluções as necessidades reais de seus clientes ou mercados. Alguns até com foco nos desafios novos da Covid-19.
Por estes e outros motivos eu defendo seguir escolhendo projetos de empreendedores e ajudando os empreendedores do investimentos já realizados. Sua experiência e vivencia são muito valiosos neste momento onde as prioridades são proteção de caixa, pipeline de clientes existentes e a preparação do produto do futuro.
Este tipo de investimento é sim de risco. Mas isso não é novidade para o investidor anjo. A novidade é que é a primeira crise maior após o estabelecimento de um vibrante ecossistema de empreendedorismo e inovação em startups no Brasil que aconteceu nos últimos 5 anos. O risco talvez tenha se elevado no curto prazo mas é o mesmo para o médio e longo prazo. E as oportunidades permanecem no horizonte para os que tenham resiliência e aos atentos ao momento em que vivemos.
Neste momento desafiador, foco na sua saúde e de sua família. Mas em perder de vista o final da crise, que um dia, irá passar. E estamos no mesmo barco.
Grande abraço aos amigo(a)s do ecossistema empreendedor.